Assaltantes matam policial durante ataque a bancos em Atibaia

Assaltantes matam policial durante ataque a bancos em Atibaia

Policiais foram vítimas de emboscada na porta do quartel: um deles morreu e outro foi atingido três vezes por disparos de fuzil e arma automática. Cinco assaltantes foram presos.

A ação da quadrilha que matou um PM e feriu outros quatro, ocorrida na madrugada de quarta-feira (19), em Atibaia, foi meticulosamente preparada. Para chegar à região central onde estão os bancos Brasil e Caixa, os assaltantes armaram bloqueios em pelo menos três pontos e tocaias em dois endereços. Uma emboscada nas imediações do quartel da PM, na Estância Lynce e outra, nas proximidades da Delegacia de Polícia, na Rua Alfredo André no Alvinópolis.

Como isca, a quadrilha utilizou um Palio branco com queixa de roubo na cidade de Itatiba, cujo alarme da Muralha Digital – serviço municipal de monitoramento por câmeras que identifica veículos produtos de furto, roubo e outras irregularidades – foi ativado pouco tempo depois que o carro entrou na cidade via Jerônimo de Camargo, no Jardim dos Pinheiros. As forças de segurança foram então, acionadas.

Foi nesse momento que os policiais Márcio Aparecido Alves e Nilson Mikio Furuta Junior deixaram o quartel da PM, que fica atrás da escola Major Juvenal Alvim, na Estância Lynce. Eles fariam buscas ao Palio identificado no monitoramento do Jardim dos Pinheiros.

Na rua lateral ao quartel estavam estacionados dois carros: um veículo de cor escura e o Palio identificado na Muralha Digital. Desse carro, dois homens haviam desembarcado e aguardavam a passagem da viatura.

Os PMs não tiveram tempo de revidar. Foram atingidos pelos tiros disparados de fuzil e de arma automática. Uma câmera de monitoramento instalada numa casa na região mostra a cena das rajadas disparadas pelos assaltantes na viatura da PM. Muitos tiros, inclusive, acertaram as casas na vizinhança.

Nilton foi atingido na cabeça e no abdômen. Márcio Alves recebeu três disparos. Um no abdômen – pela lateral perto do quadril e nos dois braços. Em um dos braços, o tiro de armamento pesado lhe causou fratura exposta. Os dois foram levados ao hospital Albert Sabin onde Nilton já chegou morto. Alves foi submetido à cirurgia e os médicos acreditam que o movimento do braço atingido pelo fuzil, está preservado. Os outros dois tiros não provocaram ferimentos graves.

Os ladrões fugiram no carro escuro e abandonaram o Palio naquele local.

Por outro lado, os integrantes do veículo que foi percebido nas imediações da Delegacia de Polícia, não agiram. Nenhuma viatura deixou o plantão policial durante a ação criminosa nos bancos. Não há dados específicos se havia também tocaia nas proximidades da Guarda Civil Municipal.

Ações simultâneas

Enquanto parte do bando fez a emboscada que resultou na morte do PM, um caminhão da quadrilha atravessou na faixa MG-SP da rodovia Fernão Dias, altura do bairro Três Pistas para bloquear o acesso da PM de Bragança Paulista, que seria acionada com as explosões na região central e Atibaia.

A ação, entretanto, não foi concluída. Os bandidos pretendiam incendiar o caminhão.

“Um PM que saiu de Bragança e seguiria para o litoral, onde integra a operação verão, desceu do carro dele quando o caminhão atravessou na pista. Ele acreditou tratar-se de uma manifestação na rodovia e desceu armado. Ao perceber que um dos ocupantes do carro que estava à frente do veículo dele manuseava um fuzil, ele atirou”, contou um policial que pediu para não ser identificado.

Pelo menos dois ladrões que haviam descido do veículo – provavelmente para atear fogo ao caminhão, voltaram e fugiram. Um deles, inclusive, ferido. Na pressa, um desses homens deixou cair uma carteira e dois telefones celulares. Os objetos foram recolhidos pelo PM e serviram de início para as investigações.

Centro

Ao mesmo tempo em que essas ações aconteciam, parte do bando já ocupava a Rua Tomé Franco e sucessivas explosões e muitos tiros se misturavam aos trovões da madrugada de quarta-feira. A PM, no entanto, não tinha acesso à área, já que foram montados dois ou três bloqueios nas imediações para evitar a chegada dos policiais. Os ladrões permaneceram nas agências bancárias por cerca de 40 minutos, sempre atirando para o alto para evitar os policiais.

Duas viaturas que vieram de Mairiporã em apoio à PM de Atibaia, tentaram acessar a região central pela Avenida São João. Num ponto perto da Praça Bento Paes, esses carros também foram atingidos por disparos. Três PMs ficaram feridos. Inclusive dois deles tiveram que passar por cirurgias. Os ferimentos porém, não provocaram risco de morte. Um desses PMs recebeu um tiro de raspão na cabeça e foi liberado momentos depois do atendimento na Santa Casa. Os dois colegas seguem internados sem qualquer risco de morte.

Bancos

A imagem desta reportagem mostra que o Banco do Brasil teve sua área interna, que fica entre os caixas eletrônicos e a passagem para o andar superior, completamente destruída. O ponto mais tingido foi exatamente onde estavam os dois cofres que foram roubados. Ninguém no banco informou a quantia levada.

Já a Caixa Federal também foi parcialmente destruída. A direção do banco, entretanto, não prestou nenhuma informação. Não se sabe se os ladrões conseguiram roubar dinheiro dos caixas eletrônicos ou se levaram cofres. Ou se nada foi roubado.

O Santander, que seria o terceiro banco atacado, não foi invadido pelos ladrões. Segundo a assessoria de imprensa informou ao G1, os danos na porta do banco foram provocados por estilhaços vindos da Caixa Federal, localizada quase em frente à agência em questão.

Prisões

A partir dos documentos encontrados na carteira e também com base em informações coletadas nos celulares que um dos assaltantes deixou cair, policiais – civis e militares – chegaram até Itatiba, na casa de um dos envolvidos. Três ladrões foram presos, confessaram o crime e ainda entregaram mais dois comparsas que foram localizados na região noroeste de São Paulo, no violento bairro Parada de Taipas. Nada foi recuperado com os cinco ladrões, mas o bando indicou a chácara, localizada em Piracaia, onde a quadrilha manteve sua base por alguns dias, durante a preparação do crime.

No local havia grande quantidade de dinamite usada em explosões. Esse material e uma pequena parte de explosivos abandonada pela quadrilha na região dos bancos em Atibaia, foi recolhida e detonada pelo GATE, o Grupo de Ações Táticas Especiais da PM de São Paulo.

Até por volta das 22 horas de quarta-feira, o flagrante ainda não havia sido iniciado na Delegacia de Polícia de Atibaia. Por conta disso, o nome dos cinco ladrões presos ainda não foram divulgados. A polícia não confirmou, mas o bando deve ser autuado pelos crimes de latrocínio consumado e tentado; formação de bando ou quadrilha; resistência à prisão e dano ao patrimônio público.

A polícia segue com as investigações na tentativa de prender outros integrantes do bando. Estima-se que a quadrilha que agiu fortemente armada e com integrantes que usavam capacetes balísticos e roupas camufladas seja integrada por pelo menos 30 pessoas. Quatro veículos usados no crime foram apreendidos.

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