Em corrida contra o tempo, DIG prende casal e esclarece feminicídio de Camila

Em corrida contra o tempo, DIG prende casal e esclarece feminicídio de Camila

Ação rápida e certeira da Delegacia de Investigações Gerais – DIG, sob o comando do delegado Dr. Elton Costa, terminou com a prisão de Flávio R. V.O. de 29 anos e Joyce L. S. de 34 anos, acusados de matarem e ocultarem o cadáver de Camila Araújo Santos, de 28 anos. Eles ainda teriam mantido o corpo de Camila em uma geladeira por pelo menos um dia, antes de jogá-lo às margens da Estrada Municipal Aurélio Frias Fernandes, no bairro do Agudo. O delegado ainda disse que laudos apontam que Camila teve relações sexuais antes de ser morta, porém não se pode afirmar se foi consentida ou não. “Nós temos elementos que Camila praticou ato sexual antes (de ser morta) e por conta disso nos leva a crer que ela foi vítima de um crime sexual e depois contra a vida”, explicou o delegado que disse que haverá investigação sobre esse fato.

As investigações começaram após o encontro do corpo na noite de quinta-feira (19), e em tempo recorde, os incansáveis investigadores Sinésio Ribeiro, chefe de investigações Wagner e demais policiais da especializada, se debruçaram sobre o caso para identificar o assassino. Na terça-feira (24), os tiras conseguiram identificar Joyce, ex-esposa do atual companheiro de Camila, que, após três horas de interrogatório, confessou ao escrivão Lucas da Fonseca Rocha, ter ajudado o ex-marido na ocultação do cadáver, bem como, o apontou como autor do bárbaro crime. Ela ainda disse que ele estava escondido na casa de sua mãe em Maceió, no estado de Alagoas. “Com o depoimento de Joyce, nós vimos que ela auxiliou, não só numa forma de desfazer do corpo da vítima para garantir a impunidade dele e também dela, e depois vimos que ela estava auxiliando que ele ficasse escondido lá em Maceió. Com todos esses elementos representamos pela prisão temporário de Joyce e Flávio que foi concedida pelo Poder Judiciário”, explicou Dr. Elton Costa, que solicitou a prisão preventiva dos dois à promotora da Vara do Júri, Dra. Carmem Natalia Alves Tanikawa, que prontamente acatou o pedido e enviou a solicitação ao juiz do júri Dr. Carlos Henrique Scala de Almeida que assinou a ordem de prisão do casal. Na manhã de quarta-feira (25), Flávio foi preso pela polícia civil de Alagoas. Na próxima semana ele será trazido para Bragança, quando irá dar sua versão dos fatos. A

INVESTIGAÇÃO

Logo após o encontro do corpo, na quinta-feira (19), o chefe de investigações da DIG, Wagner e o investigador Sinésio Ribeiro, iniciaram os trabalhos para identificar o autor do homicídio. Na terça-feira, 17 de maio, familiares de Camila, registraram Boletim de Ocorrência, comunicando que a jovem estava desaparecida desde às 12h de sábado, 14. A equipe, que já investigava o desaparecimento de Camila, teve a confirmação que o corpo encontrado era dela no dia seguinte, após familiares reconhecerem o corpo. Os policiais então traçaram o perfil da vítima, seus hábitos, relacionamentos e detalhes sobre sua vida pessoal, ouvindo algumas pessoas próximas a ela. Dentre esse levantamento, os policiais apuraram que Camila tinha um relacionamento estável por 9 anos com um outro rapaz e que ela tinha se aproximado do casal, Joice e Flávio, que trabalhavam na mesma empresa que ela. Ainda foi apurado que nesse meio tempo Camila começou a se relacionar com Flávio e que por conta disso, ela, Joice, Flávio foram dispensados da empresa após a descoberta e exposição do caso abertamente dentro do local de trabalho. Após esse fato, Flávio se separou de Joice, com quem vivia há 12 anos, e Camila também deu fim ao seu relacionamento de 9 anos e ambos foram morar juntos. Os policiais apuraram relatos que Flávio tinha muito ciúmes de Camila e algumas situações as quais ele se sentia incomodado. Eles estavam morando juntos há poucas semanas e segundo apurado, Flávio havia se separado de Camila, há cerca de oito dias antes de ser registrado o desaparecimento. No trabalho de campo, ainda no início das investigações, os policiais foram em busca de imagens de câmeras da região onde o corpo foi abandonado, na intenção de identificar o veículo usado para deixar o corpo na estrada. Logo eles identificaram um veículo como pertencente a um homem que presta serviços como motorista de aplicativos. Ele foi chamado e ouvido, alegando ter locado o carro para Flávio, na sexta-feira (13), por R$ 150. Ele ainda disse que o veículo foi entregue por volta das 12h e devolvido às 22h do mesmo dia e que ele ainda levou Flávio e Joyce para casa. O homem ainda apontou que encontrou uma tesoura e uma faca sujas de gesso e as entregou à polícia.

Com essas informações em mãos, os policiais foram atrás de Flávio, para ouvi-lo sobre os fatos, porém, apuraram que ele havia viajado à passeio para Maceió, sua terra natal. Os investigadores então encontraram Joyce, de 34 anos, ex-companheira dele e a intimaram a comparecer à sede da DIG, para prestar depoimento. Inicialmente, ela negou saber quaisquer informações sobre o caso, que apenas sabia do relacionamento de Flávio e Camila. Ao ser confrontada com algumas provas levantadas durante a investigação e com a paciência e tino do escrivão Lucas Rocha, ela acabou confessando que Flávio matou Camila.

Os Policiais ainda apuraram que o telefone celular de Camila foi usado em seu aparelho por volta das 10h do dia 12 e que no mesmo dia por volta das 11h o mesmo número foi usado, mas em outro aparelho. Segundo o delegado, Flávio retirou o chip do celular da vítima e colocou em seu aparelho que utiliza dois chips e enviou uma mensagem de texto para a mãe da vítima se passando por ela, dando a entender que estava bem e que nada havia acontecido. Porém, Camila apenas se comunicava com a mãe, que não sabe ler, através de áudios, fato que levou a família a registrar o desaparecimento. Aliás, os policiais apuraram o Flávio manteve o chip de Camila em seu celular até sua chegada na cidade de Maceió.

O crime segundo a versão de Joice

Segundo ela, no dia 12 de maio, Flavio a contatou dizendo que havia tido um desentendimento com Camila e que depois disso a agrediu. Ela foi ao apartamento onde a jovem morava com o suspeito do crime, na rua Francisco Cacozi, no Parque Brasil. Assim que chegou, ela alega que percebeu que o que havia ocorrido foi mais que um desentendimento, pois viu marcas de sangue no chão e parede, se dando conta então que Camila estava morta. Joice ainda relatou que Flávio, após matar a jovem por espancamento e esganada, ainda escondeu seu corpo em uma geladeira. Ela, porém, não soube afirmar se a morte ocorreu na quinta-feira, 12 de maio, ou dias antes, fato que deve ser esclarecido por Flávio, quando ele prestar depoimento. Ela alegou que Flávio retirou todas as prateleiras da geladeira, forrou o eletrodoméstico com sacos plásticos e colocou o corpo dentro. Ainda segundo Joice, na sexta-feira (13) um caminhão foi contratado para levar a geladeira até sua casa na rua Cel. Daniel Peluso, no Jardim Morumbi, um trajeto de 11 minutos. Ela disse que a geladeira estava devidamente lacrada e que o motorista do caminhão chegou a comentar sobre o peso do eletrodoméstico, tendo o casal alegado que Joice vende cosméticos e que a geladeira estaria cheia desses produtos. Ela relatou que a geladeira ficou na porta de entrada na sua casa, amarrada com uma corda e ligada.

No mesmo dia, em algum momento após às 12h, quando o casal pegou o veículo locado, o corpo de Camila foi retirado da geladeira e colocado no porta-malas do carro. Joyce ainda relatou que eles tomaram todo o cuidado forrando o veículo com sacos plásticos para evitar que quaisquer materiais genéticos fossem transferidos para o carpete. Segundo o delegado Dr. Elton Costa, foram feitos exames com o reagente luminol tanto no porta-malas, quando na geladeira, testes que resultaram em negativo, devido a destreza do casal para apagar possíveis rastros no caso de uma investigação.

Joyce disse ainda que Flavio parou na beira de uma trilha às margens da Estrada Municipal Aurélio Frias Fernandes, no bairro do Agudo. Ela disse que não desceu do veículo e que apenas viu o ex-companheiro arrastando o corpo nu de Camila pela trilha. Segundo apurado pela GB, ela ainda relatou que Flávio demorou a voltar, após deixar o corpo na trilha e quando voltou carregava um balde sujo de gesso. A suspeita da polícia é que ele jogou gesso no corpo da vítima, provavelmente para ocultar o odor exalado pelo corpo, porém o motivo disso deve ser esclarecido com a chegada do suspeito em Bragança. Por fim, ela indicou um terreno baldio que fica cerca de um quarteirão de sua casa, onde o casal ateou fogo em todos os materiais usados como lençóis, sacos plásticos entre outros.

Crimes

Flávio e Joyce responderão pelo artigo 121 do código penal – Homicídio qualificado, com seis qualificadores; motivo torpe, fútil (ciúmes), emprego de asfixia, traição, para assegurar a impunidade de um crime anterior (violência física ou até mesmo sexual), por ser mulher – Feminicídio e pelo crime de previsto no artigo 211, Ocultação de cadáver.

Segundo Dr. Elton Costa o depoimento de Flávio será crucial não apenas para esclarecer o caso, mas também a participação de Joyce, que segundo convicção do delegado, participou ativamente do crime. “Tenho a entender, dentro da visão dos fatos, que ele já vendo toda aquela circunstância e incomodo que ele estava tendo por conta de ciúmes de Camila, ele planejou juntamente com Joyce esses fatos. O que eu tenho para mim. Obviamente, o interrogatório dele será fundamental para demonstrar isso aí. Mas até esse momento fica indiscutível a participação dele e sua esposa Joyce”, finalizou o titular da DIG.

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