Verticalização na Serra muda cenário natural de Atibaia

Verticalização na Serra muda cenário natural de Atibaia

A paisagem bucólica da Serra do Itapetinga aos poucos vai sendo engolida por um esqueleto de concreto que ganha contornos a cada dia. Trata-se de um prédio residencial denominado “Villa dos Lagos” com 108 unidade que está sendo edificado em uma área de 27 mil metros quadrados na avenida Santana e que aos poucos vai escondendo um dos principais cartões postais da cidade.

O site do empreendimento informa que foi um sucesso, tendo todas as unidades vendidas em apenas 10 dias. O empreendimento compreende apartamentos de dois e três dormitórios com terraços e todos com vista para a Pedra Grande. Só esquece de mencionar na propaganda que toda a área foi edificada as margens do córrego do Itapetinga, cujas nascentes se originam na serra e contribuem para o abastecimento das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Piracicaba/ Capivari/ Jundiaí e Alto Tietê.

A região do empreendimento, próxima ao Parque da Grota Funda, concentra uma das mais ricas da biodiversidade do estado de São Paulo.

Atualmente existem no local cerca de 165 espécies de aves, 20 espécies de morcegos, 515 espécies deferentes de vegetação, rica variedade de macacos (sauás e bugios), além de inúmeros insetos e répteis. Há 27 espécies de mamíferos de grande porte, sendo que 23 deles são raros ou ameaçados de extinção. São frequentes rastros deixados por onças-pardas. Espécies exclusivas da região.

Qual o custo do desenvolvimento imobiliário? Será que ele vale ser pago pensando nas futuras gerações? Essas perguntas que a sociedade civil junto ao poder público precisa responder juntas.

Ao empreendedor vale a regra de mercado. Metro de terreno comprado X empreendimento vendido. O que sobra é lucro. Nada de errado em se obter lucro no mercado imobiliário. A questão central e a descaracterização que a cidade estaria sofrendo.

DISCUSSÃO AMPLA

Na edição do último dia oito, o Jornal da Cidade trouxe uma importante entrevista com o empresário Valter Patriani, dono da construtora de leva sou nome. Consciente das questões ambientais, Valter é contrário a construções em pontos extremos, como seria o caso da região da avenida Santana, por não ver sentido em verticalização nessas áreas da cidade.

Valter explica que o ideal seria uma discussão ampla no plano diretor, onde as partes pudessem debater e apresentar projetos. “Toda cidade possui suas áreas de casas e de verticalização. O plano diretor deveria girar em torno de onde estão os empregos. Não vejo a necessidade de existir verticalização nas franjas da cidade, afastando o morador de seu local de trabalho. Se não tem emprego naquela região, qual sentido de você verticalizar? Quando você tem um condomínio em uma área distante, este morador utiliza o veículo para tudo e isso provoca tráfego intenso. No Brasil o custo de cidades horizontais aumenta”, explicou.

“Concentrar a verticalização em pontos específicos seria mais racional. Defendo uma verticalização saudável e inteligente, onde a classe trabalhadora more cada vez mais próxima do trabalho. Essa é uma tendência mundial”.

O combate aos loteamentos clandestinos também é uma preocupação do empresário. “Esses loteamentos clandestinos aumentam o custo municipal com a infraestrutura e transporte, pois parte deste transporte e subsidiado pela prefeitura. A discussão precisa ser ampla pois existem situações de muitos empreendimentos, onde a conta recai sobre o morador de outro bairro para fazer a compensação”.

Nossa reportagem tentou contato com a construtora SAAB Oliveira responsável pelas obras do Residencial Villa dos Lagos nos telefones informados, mas até o fechamento desta edição não obtivemos retorno. O espaço está aberto para que a construtora se manifeste.

 

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